O Ministro da Saúde declarou, no Dia Mundial de Luta contra a Aids, que o acesso a novas tecnologias de prevenção é prioridade, mencionando a incorporação de medicamentos de longa duração no SUS, embora ainda sem previsão.
A iniciativa foca no lenacapavir, da farmacêutica Gilead, aguardando registro sanitário no país. Este medicamento, injetável a cada seis meses, representa uma nova abordagem na prevenção do HIV, potencialmente substituindo a PrEP diária oral.
Estudos clínicos indicam alta eficiência do lenacapavir na neutralização do vírus. O Ministro da Saúde afirmou que o Brasil participou com pacientes, pesquisadores e instituições na avaliação clínica da medicação e deseja participar da transferência de tecnologia. A declaração ocorreu durante o lançamento da campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids” e uma exposição celebrando os 40 anos da resposta brasileira à epidemia de Aids, realizada no SESI Lab, em Brasília.
O Ministro destacou a importância do novo produto para populações vulneráveis, especialmente jovens com dificuldades em aderir à PrEP diária. O governo busca uma parceria para transferência tecnológica, apesar da ausência de registro e da exclusão do Brasil de uma versão genérica destinada a países de baixa renda.
Segundo o Ministro, a empresa responsável pelo medicamento propõe um preço impraticável para programas de saúde pública, oferecendo o produto a 40 dólares a cada seis meses para países de renda muito baixa, excluindo países de renda média com grande necessidade de resposta à pandemia de HIV. Nos Estados Unidos, o medicamento foi registrado com um custo superior a 28 mil dólares por pessoa ao ano.
Um representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids defendeu que, sem acordos de transferência e inovação, o governo brasileiro deve considerar a quebra de patente.
A política de prevenção e tratamento do HIV/Aids no Brasil, antes focada em preservativos, agora inclui PrEP e PEP. Para o público jovem, o Ministério da Saúde lançou camisinhas texturizadas e sensitivas, adquirindo 190 milhões de unidades de cada modelo. O acesso à PrEP aumentou mais de 150% desde 2023. Atualmente, 140 mil pessoas usam a PrEP diariamente. O SUS oferece terapia antirretroviral e acompanhamento gratuitos a todos diagnosticados com HIV. Mais de 225 mil usam o comprimido único de lamivudina mais dolutegravir, com alta eficácia e tolerabilidade.
O Brasil registrou uma queda de 13% no número de óbitos por aids entre 2023 e 2024, totalizando 9,1 mil óbitos em 2024. Os casos de aids também diminuíram 1,5%, passando de 37,5 mil para 36,9 mil no último ano. O país também avançou na eliminação da transmissão vertical da doença. A confirmação da OMS sobre a eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública é esperada ainda este mês.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br